sábado, 30 de outubro de 2010

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

ESTE É MAIS UM DOS TRABALHOS QUE FIZ NA FACULDADE COM DUAS COLEGAS DE TURMA NA DISCIPLINA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO COM A PROFESSORA MARIZE, NÃO LEMBRO O PERÍODO NEM O ANO..

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE RIO DE JANEIRO

FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA BAIXADA FLUMINENSE

CURSO DE PEDAGOGIA E LICENCIATURA NAS SÉRIES INICIAIS E EDUCAÇÃO INFANTIL

DISCIPLINA: ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

PROFESSORA: MARIZE

ALUNA: CECÍLIA ALCÂNTARA

OS PROBLEMAS COGNITIVOS ENVOLVIDOS NA CONSTRUÇÃO DA REPRESENTAÇÃO ESCRITA DA LINGUAGEM.

Segundo Piaget, o desenvolvimento cognitivo da criança é sequencial e caminha de estruturas mais simples para estruturas mais complexas.

Emilia Ferreiro foi orientanda e colaboradora de Jean Piaget, professora, descobriu e descreveu a PSICOGÊNESE da língua escrita (gênese =origem = como se aprende) que não considera a alfabetização como algo mecânico, como aprendizagem de um código de transcrição e sim como a representação de um sistema. Deve-se levar em conta não apenas os “resultados” da alfabetização, mas sim o processo dessa construção.

Emilia Ferreiro, analisa a alfabetização mais do lado da escrita, embora considere a leitura parte inseparável desse processo, pois a compreensão da estrutura no sistema de escrita, a criança deve realizar atividades de interpretação e produção.

Deve-se aceitar como escrita as “produções espontâneas” da criança, que podem não ser consideradas corretas socialmente, pois a criança, geralmente é forçada a copiar e sua produção pessoal de “texto” proibida.

As pesquisas de Emilia Ferreiro demonstram que a leitura e escrita como objetos culturais do conhecimento, são adquiridos por um processo de auto – construção, no confronto e interação da criança com seu meio. Por isso, Emilia Ferreiro faz a seguinte pergunta: Como se passa de um estado de menor conhecimento para um de maior conhecimento?

Para responder a essa pergunta devemos compreender que a criança realiza essa passagem através de uma identificação de um determinado domínio, que pode ser caracterizado por meios de níveis de sucessivos conhecimentos e compreensão. Para compreender o desenvolvimento da leitura e escrita é preciso sondar previamente que tipo de apropriação do objeto do saber a criança vivencia, pois sabe-se que existem uma série de modos de representação que antecedem à representação alfabética da linguagem que se sucedem em certa ordem que são: Silábica, Silábica - alfabética e alfabética.

Silábica – As crianças desse nível no começo produzem rabiscos e/ou riscos típicos da escrita como forma básica (modelo de letra cursiva ou de imprensa), fará rabiscos separados, com linhas retas ou curvas, usará sempre os mesmos sinais gráficos ou outros símbolos quaisquer (representação icônica/desenho).

Ex: Depois mais evoluída, descobre que coisas diferentes têm nomes diferentes, assim ela imprime diferenças nas grafias das palavras, às vezes mudando apenas a ordem das letras (correpondência qualitativa). Se a palavra escrita tem o tempo todo as mesmas letras, não pode ser lido ou interpretado.

Ex: Ao final desse nível, a criança descobre que as partes da escrita (sua letra) podem corresponder a outras tantas partes da palavra escrita (suas sílabas), aqui ela percebe que a escrita representa a fala, sendo a fase mais importante da alfabetização, onde a criança formula a hipótese de que cada letra ou sinal vale por uma sílaba, sendo que num primeiro momento, as grafias são diferenciadas sem que as letras tenham seu valor sonoro convencional.

Estes são alguns dos exemplos :

Silábica – alfabética – Este é o período que marca a transição entre os esquemas prévios em via de ser abandonados (hipótese silábica) e os esquemas futuros em via de ser construídos. A criança descobre que a sílaba não pode ser considerada como unidade, mas composta de elementos menores, nesta fase ela enfrentará problemas como:

Quantitativo – Não bastará uma letra por sílaba.

Qualitativo – Enfrentará os problemas ortográficos onde a identidade de som não garante identidade de letras, nem a identidade de letras a de sons.

Nesta fase, ao descobrir que o esquema de uma letra por sílaba não funciona, a criança procurará acrescentar letras à escrita da fase anterior, começa então a grafar algumas sílabas completas e outras incompletas, geralmente, as sílabas completas são a 1o ou última da palavra.

Também esta fase pode caracterizar a omissão de letras pela criança, mas na verdade a criança está acrescentando letras à sua escrita da fase anterior (silábica), isto não é um retrocesso e sim uma progressão, pois ora a criança escreve silabicamente, ora alfabeticamente.

Alfabético – Ao chegar a este nível, pode-se considerar que a criança atingiu a compreensão do sistema de representação da linguagem escrita, ela já domina o código escrito, porém ainda tem falhas na parte ortográfica, nesta fase é necessário que o professor entenda o desenvolvimento cognitivo da criança para que ela avance nesse processo de compreensão.

A evolução da escrita dependerá dos estímulos e oportunidades que lhe serão oferecidos. Esse processo deve ser instigante e prazeroso, levando a criança a ser estimulada a querer descobrir os significados dos escritos e a produzir seu próprio ambiente alfabetizador.

Situações de aprendizagem num ambiente alfabetizador.

Num ambiente alfabetizador, as situações de aprendizagem consistem em atividades que envolvam letras, palavras e textos.

Atividades :

· Vivência com a escrita de palavras significativas partindo do nome da criança.

· Escrita livre e leitura da criança do seu jeito, ou como ela acha que é.

· Produções coletivos e individuais das crianças, partindo de relatos do se dia- a dia, passeios, histórias lidas, etc.

· O professor a cada dia lerá:

- Livros de histórias, notícias de jornais e revistas, cartas, bilhetes e depois, individualmente ou em grupo, as crianças fazem o relato oral ou escrito.

Ambiente alfabetizador na sala de aula.

O professor deverá sempre organizar na sala de aula um ambiente que irá facilitar a interação da criança com texto dentro de um clima de liberdade para construir-se.

A criança deverá Ter numa sala de aula:

· Biblioteca ou “Cantinho do livro”.

· Jornais e revistas diversas.

· Caixa ou baú contendo coleções de jogos de leituras.

· Embalagens, rótulos.

· Cartazes, painéis.

· Reportagens de jornais e revistas.

· Cartas, bilhetes.

· Avisos, mensagens (aniversários).

· Anúncios de festas, comemoração, datas importantes.

· Folhetos, propagandas ,etc.

Estes e outros tipos de materiais deverão estar sempre à disposição, com o objetivo de proporcionar às crianças a sua interação com o mundo das letras e ao mesmo tempo, vivenciando o processo de construção do que é ler e escrever. Como afirma Emilia Ferreiro, “Ler não é essencialmente um processo visual”.

DESENVOLVIMENTO

Para discutir o conceito de letramento, este artigo apresentará uma breve síntese das visões de letramento presentes nas pesquisas das últimas décadas, e, a seguir discutirá os efeitos que esses conceitos tiveram sobre o enfoque da relação entre letramento e alfabetização.

Letramento é segundo Maga Soares, de1998, uma palavra nova em nosso vocabulário. Aparece, pela primeira vez, no trabalho de Mary Kato, 1986. “...a função da escola, na área de linguagem, é introduzir a criança no mundo da escrita, tornando–a um cidadão funcionalmente letrado...”(p.7)

E mais adiante ela afirma: “... acredito ainda que a chamada norma – padrão, ou lígua falada culta é consequência do letramento...”(p.7)

Kato afirma que a aprendizagem á um processo global e indivisível. Em sua descrição e compreensão, vários aspectos podem ser isolados metodologicamente para um exame mais aprofundado, dentre eles estão: a motivação, os fatores sociais, econômicos e culturais, os problemas dialetais, etc. Porém, seu enfoque é puramente de ordem psicolinguística, cujas variáveis vão desde classe social, dialetos regionais, normas gramaticais, até os padrões de uso são detalhadamente discutidos em seu livro.

Dentre estes, podemos observar:

· O primeiro aspecto refere–se à natureza da linguagem escrita como objeto de estudo, pois acreditava–se até pouco tempo que a gramática tradicional dava conta da descrição da linguagem escrita ao lado da linguística, que procurava descrever a linguagem oral.

· O segundo aspecto a ser entendido, refere–se à leitura e a produção de texto da linguagem escrita como atividades cognitivas.

· O terceiro aspecto trata da compreensão dos processos de aprendizagem, ou seja, que caminhos o aprendiz irá utilizar no ato de ler e escrever.

Já a pesquisa de Leda Verdiani Tfoufni, enfoca adultos não – alfabetizados que vivem em uma sociedade organizada fundamentalmente pôr meio de práticas escritas, ou seja, uma sociedade letrada.

A autora relata que apesar de estearem ligados entre si, escrita, alfabetização e letramentonem sempre têm sido enfocado em conjunto. Para ela, inicialmente a relação entre eles é a do produto e do processo: enquanto os sistemas de escrita são um produto cultural, a alfabetização e o letramento são processos de aquisição de um sistema escrito.

Pôr alfabetização entende–se a aquisição da escrita enquanto aprendizagem de habilidades para a leitura, escrita e as práticas de linguagem, que se dá em geral na escola como instrução formal.

Já o letramento, segundo a autora, focaliza os aspectos sócios-históricos da aquisição da escrita, procurando descrever o que ocorre nas sociedades quando adotam um sistema de escrita de maneira restrita ou generalizada; procura ainda, saber quais práticas psicossociais substituem as práticas “letradas” em sociedades ágrafas. Assim o letramento tem pôr objetivo investigar não somente quem é alfabetizado, mas também quem não é, desligando-se do individual para centrar - se no social.

Para a autora existem duas maneiras de entender-se alfabetização, ela se dá como um processo de aquisição individual de habilidades requeridas para a leitura e escrita, ou como um processo de representação de objetos diversos de natureza diferente.

Os estudos sobre letramento não se restringem somente aos alfabetizados, buscam investigar também as consequências da ausência da escrita a nível individual, mas sempre remetendo ao social mais amplo, procurando entre outras coisas, ver quais características da estrutura social têm relação com os fatos postos.

No estudo de Maga Soares letramento é o resultado da ação de um ensino ou aprender a ler e escrever, estado ou condição que adquire um grupo social ou indivíduo como consequência de ter – se apropriado da leitura. Este estado tornou – se necessário porque só recentemente passou – se a enfrentar uma nova realidade social em que não basta apenas saber ler escrever, é preciso também saber fazer uso do ler e do escrever, saber responder às exigências de leitura e de escrita que a sociedade faz continuamente, daí o surgimento do termo letramento como já foi dito anteriormente, em detrimento do termo alfabetismo.

Na perspectiva de Maga Soares, o conceito de letramento é que um indivíduo que pode não saber ler e escrever, isto é, ser analfabeto, mas ser de certa forma letrado, pôr ser um adulto marginalizado social e economicamente, mas se vive em um meio em que a leitura e a escrita têm presença forte, se interessa em ouvir a leitura de jornais feitas pôr um alfabetizado, se pede a alguém que leia avisos ou indicações afixados em algum lugar, esse analfabeto é de certa forma, letrado, porque faz uso da escrita, envolve – se em práticas de leitura e escrita.

CONCLUSÃO

Define – se hoje o letramento como um conjuntos de práticas sociais ligadas, de uma ou de outra maneira à escrita, em contextos específicos, para objetivos específicos . As práticas letradas escolares passam então a ser apenas um tipo de prática social de letramento que embora continue sendo, nas sociedades complexas um tipo dominante – relativamente majoritário e abrangente – desenvolve apenas algumas capacidades e não outras.

O acesso à leitura e escrita sempre foi e continua sendo, expressão de poder e a alfabetização uma conquista. Pôr isso, a alfabetização marca e assume características de um verdadeiro rito de passagem, quando a criança não atinge esses objetivos, é rotulada de incapaz, é marginalizada, colocando – se em situação de fracasso.

Vivemos em uma sociedade em que a “letra”, isto é, a criança está em toda parte e as pessoas têm que se “virar” no seu cotidiano, independentemente de saberem ler ou escrever, independentemente de terem frequentado a escola. Portanto há muitas pessoas chamadas analfabetas, que são “letradas”, embora não tenham sido escolarizadas. Como vivem em contato com a escrita, tomam ônibus, manuseiam dinheiro, “lêem” mediadas pelas cores, pêlos algarismos, e até pelas letras. Pôr isso, letrar – se, é um processo que acontece na escola, na igreja, ou em outras instituições, é um conceito mais amplo que se dá, sistematicamente na escola. É o que se chama de escolarização.

A escola se limita a reproduzir no seu interior a desigualdade de oportunidades que caracteriza a estrutura de nossa sociedade, dotando os mais privilegiados com uma maior preparação intelectual e profissional, a escola confirma e sedimenta essa sociedade, o que resulta também em desempenhos medíocres em outras áreas do conhecimento. Ë preciso ainda, ultrapassar os muros da escola, valorizando a leitura e a escrita para que sejam realmente utilizadas como ferramentas indispensáveis à cidadania.

A nossa escola não criou o hábito nem a cultura de leitura, limitando – se a prática da leitura e o acesso aos livros, onde a literatura é pouca ou quase nenhuma, não dando assim uma visão mais ampla dessa prática aos seus alunos. Porém, a escola deve conscientizar professores e alunos para que sejam cidadãos felizes, ativos e transformadores das comunidades em que vivem. Daí a necessidade de investir nos talentos humanos buscando comprometimento, competência para agir, habilidades para gerar ação, confiança, parceria, reciprocidade, contribuindo com novas metodologias e buscando alternativas de apoio para a educação.

BIBLIOGRAFIA

1 - KATO, Mary. No mundo de escrita – Uma perspectiva psicolinguística, 2000, São Paulo, Ática.

2 – SOARES, Magda. Letramento em verbete: O que é Letramento?, 1998, Belo Horizonte, Autêntica.

3 – TFOUNI, Leda Verdiani. Letramento e Alfabetização, 1995,São Paulo, Cortez.

4 – www.terravista.pt/meco/5688/artigo%20jÃlia%20gonÃalves.htm 16/10/02 - Alfabetização o que faz a diferença... Júlia Eugênia Gonçalves.

5 – file://A:\P4.htm 19/10/02 – Alfabetização e Letramento: O que é estar alfabetizado.

Um comentário:

Rosângela disse...

adorei muito para concluir o meu memorial de letramento